quinta-feira, 28 de junho de 2012

Aos santos e santas


Eu quero do desejo o sabor da fruta
Envolver-me na ardência dos seus mais sublimes encantos
Tocando, roçando
Você me decifrando

Olhar que suplicava
Corpo que não se proibia
Demasiadamente o desejo ardia

Ao meu pedido você atendeu
E o meu corpo estremeceu
Seu cheiro, seu amor
Culparia-os por levar o meu pudor?


terça-feira, 26 de junho de 2012

Á burguesia, a lama


Incansavelmente tu dizes que muito tens
Cavalos, jóias, dinheiro e bens
Mas da certeza, a contradição
Adianta tê-los se pensas menos que um leitão?

Mediocridade na prosa, impertinência no riso
Ao leitor eu digo: é bem preciso
ALABESI MIARA – Menina bela
ALODOT RENFADAN – Tu e ela

Sem anarquia, apenas inversão
Para poder lhe pedir o que não agradaria o seu coração
Arranque as palavras de sua boca e não tente mudar
Apenas como és, tens a se calar.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Saudade com sabor de menta


  Ela estava sentada, olhando para baixo, diferentemente dos seus pensamentos - tão altos que pareciam leva-la desse mundo-. Ele se aproximava - olhar tímido, mãos no bolso e passos ligeiramente suspeitos -. Sentou-se ao lado dela. Olharam-se rapidamente. Ambos sabiam o que aconteceria.
  Com delicadeza ele passou a mão entre os seus cabelos, separando uma mecha atrás da orelha e deixando o rosto dela, embaraçado pelo momento, bem visível. Beijou-a.
   Seus lábios tinham um leve gosto de menta e eucalipto. Um gosto que lhe arrancava suspiros, gosto que mexia desde o estômago até os sentidos.
  Lembranças. Trouxe em mente todos aqueles momentos quando ela abriu um chiclete sabor menta e eucalipto. O chiclete que lembrava beijo sabor desejo.

sábado, 23 de junho de 2012

Mente, mas sente


Condicionalmente ela precisava
Mas independentemente vivia
Incessantemente negava
O que impertinentemente ela sentia

  

sexta-feira, 22 de junho de 2012

''Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela''


1990, Amsterdã – Ela bocejava, brincando com a fumaça que saia de sua boca. O frio era intenso, e ela cobria sua cinta liga e o seu vestido curto com um grande casaco cor creme. A rua estava escura e suja, quase silenciosa. Mas os sapatos altos que ela usava para trabalhar batiam no chão e quebravam o silêncio.
 Chegando em casa, naquela pequena imundice, havia algumas contas atrasadas encima da mesinha da sala, enquanto na geladeira, nada.Saiu novamente, dessa vez com calças, rumo a uma lanchonete que havia a algumas quadras dali. Sentou-se sozinha, embora a mesa fosse bem espaçosa.
 - Um lanche de queijo com tomate e um café, por favor.
 Esperava distraidamente pelo pedido, até que escutou um soar na porta, era o sininho que anunciava a chegada de alguém.  E naquela noite ela realmente não esperava ninguém, muito menos um homem tão bem vestido e bonito como aquele.
 - Posso me sentar aqui?
 - Sim
 “Será que ele estava em busca de meus serviços, ou me reconhecera da boate?” Pensava a menina da gare. Ele fez seu pedido e continuou sentado, até então o silêncio reinara.
 - Quem é você?
 - Fernando.
 - Prazer, Maria da Glória – Lúcia.
 - O que você faz aqui?
 - Trabalho.
 - Aonde?
 O diálogo fora interrompido pela garçonete, que chegou com os lanches. Lúcia começou a mexer o café, fazendo de conta que tinha se esquecido da pergunta que Fernando fizera.
 - Você trabalha aonde?
 - Numa boate.
Ele não pareceu surpreso, muito menos a desprezou. Pelo contrário, sorriu.
Comeram e conversaram, e a hora passou.
- Bom, já é muito tarde, quase amanhecendo. Eu preciso ir, mas foi bom conhecer você, Fernando.
- Não, por favor, deixe que eu a leve.
Para Lúcia era estranho estar em um carro de um homem, já que as únicas vezes que entrara, fora para fazer o seu trabalho.
- Vira ali naquela rua escura, quarta casa à direita.
Fernando parou o carro e fitou os seus olhos. Depois a sua boca. – Ele a observava docemente. Era visível a timidez de Lúcia, embora nas noites da boate ela não demonstrasse.
 Fernando a beijou, mas não demorou muito para ela interromper o ato.
 - O que você quer de mim Fernando? Eu sou apenas uma dançarina de boate!
 - Quero você.
 Bom, eu e Fernando continuamos a nos encontrar pelas tardes naquela mesma lanchonete durante anos. Comecei a estudar, me formei e nos casamos. E hoje estou aqui, escrevendo para vocês a história de como a minha vida mudou. Mudou, por causa de um homem que se apaixonou por uma dançarina de boate, e amou-a durante meses, todas as noites, em segredo. Mas essa já é outra história.
 Porque por trás de uma Capitu, sempre há uma Senhora. E por trás de uma Senhora, sempre há uma velha Capitu. Pobre seria desse Bentinho?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A responsabilidade de um sonho


 Certa tarde andando na rua deparou-se com um homem gritando “Sonhos, vendo sonhos”. Como alguém poderia vender sonhos na rua?
Aproximou-se e perguntou:
- Como o senhor pode vender sonhos?
- Simples, compre e veras seus desejos mais profundos, aqueles que só você conhece, se realizando. É só colocar essa pulseira e os seus sonhos se realizarão.
  A menina comprou a pulseira e foi para casa irritada consigo mesma, pois ela tinha várias vontades, e era muito difícil decidir entre mudar o mundo ou satisfazer os seus desejos pessoais.
Chegando em casa, ela contou tudo para a sua irmã, que teve a ideia de pedir mais desejos a tal da pulseira. Mas ela não era um ‘gênio da lâmpada mágica’ que a gente pede para realizar os desejos. Era apenas uma pulseira que talvez realizasse algo.A menina passou a noite pensando sobre o que fazer com a pulseira. Afinal, não era uma tarefa fácil a ser feita. Então resolveu que no dia seguinte tomaria uma séria decisão sobre isso.
  O dia passou, e indo para aula pensou: “Mudar o mundo ou satisfazer os meus desejos?” A menina procurou a resposta mais sábia para o seu problema, então simplesmente jogou a pulseira na lata de lixo com medo da responsabilidade que ela lhe dava. Quando na verdade a pulseira que ‘realizava desejos’ servia apenas de motivação para que as pessoas buscassem as suas realizações pessoais, porque ás vezes, só o que falta para elas é depositar a fé em alguma ‘pulseira’ aspirando uma realização, ou um ‘empurrãozinho’ para grandes coisas acontecerem.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sentimento passado


Cabelos negros que me cativavam, face redonda que eu tanto desejei, lábios pequenos e tímidos que escondiam palavras, e o que mais me chamava a atenção: seus olhos escuros levemente puxados, disfarçando uma descendência japonesa.O que esses olhos viam além de nada?
Antes, víamos juntos sonhos, planos, metas. Mas quem vive só de sonhos? Querido cuidado, quem voa muito alto pode se perder entre nuvens.
O tempo passou. Eu desisti, vi que eu gostava apenas dos nossos planos, sonhos. Mudei, mas você continuou o mesmo.
E mesmo sabendo que o futuro é muito melhor, ainda olho para trás. Olho para confirmar minha certeza de que quero continuar seguindo em frente, vivendo sem nenhum vestígio do passado com olhos levemente puxados.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Clichê do amor


 “Porque eu sei que é amor, eu não peço nada em troca”. Como já dizia Titãs, como já disse muita gente. E como eu ainda repito para mim mesma quando olho e vejo que aquela pessoa não é a mais bonita, talvez nem a mais arrumada, muito menos a mais romântica. Mas o amor não pede nada em troca não é mesmo?
 Aliás, pede! Amor pede amor.
 Um dia a gente se pega lembrando aquele sorriso, daquela brincadeira boba, e daquele beijo que você sabe: só aquela pessoa tem.  Todos os momentos parecem não sair da sua cabeça, e não há nada de novidade: você se pega pensando na pessoa no dia de chuva, no entardecer, no banho, na sala de aula, para ser mais precisa: toda hora.
 Bom, eu até poderia terminar esse texto com um velho clichê sobre o amor, mas não vou. Porque o texto tem que ter um final definido, se meu amor não tem?

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Reiteração


Cansei de repetir para mim mesma que iria dar certo
Cansei de tentar me convencer de que era diferente
Cansei de tentar demonstrar
Cansei, cansei, cansei
Repito novamente: Cansei!
Cansei de repetir o que você não quer ouvir.

domingo, 17 de junho de 2012

Entre versos. O mesmo


Nem tão longe, nem tão perto
Nem tão indeciso, nem tão decidido
Nem tão feio, nem tão belo
Meio indefinido
Entrelinhas, você.

 http://ddevaneiostolos.blogspot.com.br/2012/05/entre-versos.html