quinta-feira, 31 de maio de 2012

Memória olfativa


  Incrível como tudo carrega um sentimento. Uma folha, um lugar, um presente, um bilhete. Qualquer coisa que o valha, carrega uma lembrança, uma emoção.
  Não sei dizer bem se isso é bom ou mal, mas sou guiada por cheiros. Ás vezes aquela comida que lembra a sua mãe. A toalha branca com flores vermelhas que lembra o Natal em família. O sino que bate e lembra aquelas missas chatas para chuchu. Cheiro de roupa. Cheiro de sopa.
  Tem cheiro que lembra o primeiro amor. Tem cheiro que te deixa com um nó na garganta de tanta saudade. Tem aquele cheiro de lanche, que lembra os risos e brincadeiras após uma apresentação de Balé. Tem o cheiro de chuva (ah, o cheiro de chuva) que lembra aquela pessoa especial. Cheiro de mercado ás sexta-feiras depois da aula à tarde. Tem cheiro que lembra boneca nova. Tem cheiro de natureza que lembra o meu tio. Tem cheiro que lembra até férias.
  Mas tem vento, vento que sopra, vento que conta, e tem o vento da recordação, que bate e trás um cheiro. Ás vezes, um cheiro que você nem queria lembrar, mas inevitavelmente lembra.

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