Talvez hoje não fosse o dia certo para relembrar, se é que
há. E talvez, o certo fosse tentar desviar meu pensamento, parar de pensar
nisto; parar de chorar pelo velho motivo - fui Capitu, e agora pago o preço do
arrependimento-. Pago o preço da lembrança doída ao abrir a caixa preta, já
desbotada. Suspiro. Nossas fotos.
É difícil entender o
quão complicada a nossa história tornou-se, e entender que há uma porcentagem
muito alta que afirma que eu, Capitu de tudo, perdi o meu Bentinho. Em
contrapartida, há uma porcentagem mínima que nega, mas com incertezas e
inseguranças que não me deixam confiar.
Com mãos trêmulas que
denunciam um sentimento até então desconhecido, e lágrimas amargas de saudade,
passo foto por foto, recordando um riso único. Meus olhos se fecham e fazem
questão de lembrar cada fração de segundo marcado pela abertura dos seus lábios,
acompanhado por um posterior riso, que já citei, mas torno a repetir: único.
Reparo em seu olhar a
cada foto que passo: tão incerto, dono de uma insegurança batizada por
dissabores; fracassos anteriores.
Respiro lentamente, o mais profundo que posso.
Eu amo quando ele timidamente sorri de canto. Quando fala, dança e fuma - pensando,
observando-. Amo essas características de uma maneira tão indescritível,
incomum, que só por isso entendo o que sinto...
É uma mistura de
sensações inexplicáveis que não poderiam conduzir-me a outra conclusão. E agora que entendi, conheci, falo sem choro nem vela; sem medo nem erros; sem entrelinhas ou entre
versos: como eu o amo.
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